A Campanha da Fraternidade (CF) 2025, aberta em todo país nesta quarta-feira de cinzas, é ocasião para refletir sobre a nossa responsabilidade diante do mundo criado por Deus e sobre o papel da Igreja e dos governantes para garantir um futuro mais justo e sustentável para todos.
“O tema ‘Fraternidade e Ecologia Integral’ nos faz entender a inseparável relação entre as questões ambientais, sociais e antropológicas. Em nossa Casa Comum tudo está interligado: a natureza, a defesa da vida humana em todas as etapas, a paz e a justiça social. A solução para a grave crise socioambiental requer uma abordagem integral”, destaca o bispo da diocese de Rondonópolis-Guiratinga, Dom Maurício da Silva Jardim.
Questionado pela reportagem como a campanha de 2025 se conecta com as edições anteriores, o bispo enfatizou que, em seus 61 anos de história a, Campanha da Fraternidade responde aos desafios do tempo presente.
“Faz parte da espiritualidade da quaresma que nos chama à conversão integral: pessoal, comunitária e social. É um caminho de preparação para a Páscoa de Jesus através da oração, do jejum e da esmola. A campanha tem sempre uma dimensão formativa na educação para a fraternidade, o espírito comunitário em busca do bem comum. Nos recorda uma das dimensões da Evangelização; a promoção, o cuidado e a defesa da vida humana em vista de uma sociedade justa e solidária”, aponta Dom Maurício.
Conforme o bispo, o objetivo geral deste ano é promover, em espírito quaresmal e em tempo de urgente crise socioambiental, um processo de conversão integral, ouvindo o grito dos pobres e da terra.
“Celebrar os 10 anos da Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, acolhendo a Laudate Deum e avançando com as temáticas socioambientais que já foram abordadas nas Campanhas da Fraternidade”, atesta.
Dom Maurício destaca que precisamos avançar em atitudes concretas para cuidar de nossa Casa Comum. Ele cita, como exemplos, o lixo seletivo e reduzir o consumo de plástico, preferindo alternativas reutilizáveis como garrafas, sacolas e utensílios; reflorestamento e incentivar a prática de plantar árvores e manter jardins, hortas comunitárias e outras iniciativas de jardinagem que promovam a biodiversidade; participar de mutirões de limpeza de parques e áreas urbanas, contribuindo diretamente para a recuperação do meio ambiente; preservação das nascentes; combate ao desperdício de alimentos; saneamento básico; investimento na educação ecológica integral; enfrentamento às mudanças climáticas.
“Isto será possível se recuperarmos o sentido da fraternidade universal e o cuidado de nossa Casa Comum, pois ‘Deus viu que tudo era muito bom’ (Gn1,31)”, finaliza Dom Maurício.
RESPONSABILIDADE DA IGREJA
- Educação e conscientização: A Igreja tem o papel de educar seus fiéis sobre a importância de cuidar da criação, conforme o ensinamento bíblico e papal. Ela deve promover a reflexão sobre os problemas ecológicos e sociais, incentivando atitudes concretas, como o uso responsável dos recursos naturais.
- Testemunho de vida: A Igreja deve ser um exemplo, adotando práticas sustentáveis em suas instituições, como o uso de energias renováveis, a redução de desperdícios e a promoção de um estilo de vida simples e solidário.
- Promoção da justiça social: A Igreja deve também trabalhar pela justiça social, combatendo a desigualdade e promovendo políticas públicas que defendam os direitos dos mais pobres, que são os mais vulneráveis às crises ambientais.
RESPONSABILIDADE DOS GOVERNANTES
- Políticas públicas sustentáveis: Os governantes têm o dever de criar e implementar políticas públicas que protejam o meio ambiente, promovam a sustentabilidade e combatam a pobreza de forma integral. Isso inclui legislações que limitem a exploração irresponsável dos recursos naturais e promovam a justiça social.
- Educação e sensibilização: Os governos devem incentivar a educação ambiental, oferecendo formação sobre o impacto das atividades humanas no planeta e as soluções para os problemas que estamos enfrentando.
- Colaboração local e internacional: A crise ecológica é global, e os governantes devem trabalhar em parceria com outras nações para enfrentar problemas como as mudanças climáticas e a degradação ambiental. O Papa Francisco tem defendido fortemente a necessidade de um pacto global para proteger a criação.